terça-feira, 16 de julho de 2013

Poetisa nossa: Thyelle Dias


POETISA THYELLE DIAS:  BELEZA EM POESIA


        Thyelle Dias nasceu em 26 de junho de 1993 no Cariri paraibano, na cidade de Livramento – PB. Começou admirar a poesia através de versos eruditos de poetas como Carlos Drumunt de Andrade, Vinícius de Morais, entre outros, que lhe eram apresentados por sua mãe, que é professora. Porém, por conta própria, quando ainda era criança, teve a curiosidade de pesquisar mais sobre a poesia do Sertão, quando se apaixonou pelos versos populares. Fez seus primeiros versos ainda quando criança, mas sempre os guardava devido a timidez. 
        De, sensibilidade apurada e inspiração fácil e invejável, Thyelle, além de poetisa, é cantora, compositora, violonista e clarinetista. Namorada do poeta Vinícius Gregório, Thyelle completa o coração poético dele!

Vejam que lindo poema:

Mergulho no Passado

A lembrança me testa vez em quando
Pra saber se eu sou forte de verdade;
Pra saber se eu aguento uma saudade
Ou saber se eu estou no meu comando...
Mas confesso a lembrança, que eu não ando
Sem estar consciente e prevenida.
Levo sempre no bolso desta vida
Uma gota de choro bem guardada,
Se a saudade vier, volta aguada,
Que eu não sou de enxugar a dor caída.

Certa vez a lembrança fez lembrar
Do sabor da infância doce e pura
E eu me vi remontando a travessura
De voltar pro passado e lá ficar.
Vi Mãe Preta sentada a bocejar
Às seis horas da noite, o céu escuro,
Era a hora do sono estar maduro
E se a lua subisse, ele caía,
E ali mesmo sentada ela dormia.
(Como é bom, mãe, te olhar do meu futuro).

Vi vovô caminhando pro roçado
Com seu terno e chapéu a moda mato.
As passadas tão mansas do mulato,
Acusavam seu corpo já cansado.
Boi carreiro com nome de azulado
Bem marcado no lombo por ferrão
E vovó preparando a refeição
Em um fogo de lenha de angico.
Vi então que o passado era mais rico
Que um presente comprado a um milhão.

Avistei da janela da lembrança
Uma casa repleta de janela.
Ao entrar no salão vi logo a cela
Pendurada em um torno pela trança;
Mãe fazendo a Deus pai sua cobrança,
Debruçada nos pés de um oratório;
Pai voltando cansado do escritório
Onde a terra molhada era o patrão.
No passado enterrei minha visão,
Mas chorei ao voltar desse velório.

Umbuzeiro na porta da cozinha
Era pouso pro canto do vem-vem;
Já sentia-se o cheiro do xerém
Cozinhado com caldo de galinha;
No empenho da casa de farinha
Mandioca na mão do queitatú;
Preparava-se a massa pro beiju,
Pra levar para a mesa mais fartura.
E umbuzeiro pra nós era aventura
Pra subir e ficar chupando umbu.

A lembrança esqueceu só de um detalhe:
Esqueceu de lembrar de ir embora.
É que se ela se instala a toda hora,
Não existe uma dor que não se espalhe.
É melhor que ela então se amortalhe,
E me traga de volta pro presente.
E se um dia eu quiser testar a mente
Pra saber se eu aguento outra saudade
Eu te chamo, lembrança, e tu me invade
Pra mostrar-me o passado novamente.

                                     Thyelle Dias, Livramento 30/04/12

2 comentários:

  1. Que bom ver essa mocidade fazendo musica e poesia matuta de qualidade, não deixando nossa cultura nordestina morrer, dando continuidade ao que nossos poetas já velhos de jornada, e que estão morrendo. musica e poesia com cheiro de chão do sertão e de leite de cabra no terreiro. Me orgulho e toda a minha admi
    ração thyelle. abraços

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